Escolas de ciclismo qual a função, formar campeões ou ensinar?
Costumo dizer que qualquer jovem que pratique desporto é já um campeão, valorizar a sua participação em detrimento do resultado desportivo é um dever de todos os adultos envolvidos na sua formação não só como pequenos atletas mas também como futuros adultos que vão ser.
Logo uma escola de ciclismo nunca na minha opinião poderá ter como função de formar campeões desportivos, mas sim o de ensinar, educar, e fazer com que os jovens aprendam a modalidade desportiva de que gostam, respeitando todos os intervenientes e acima de tudo fazer compreender que dentro da competição há os adversários mas que devem ser amigos fora da mesma.
No meio disto tudo há os Pais que tem um papel relevante no contributo para criar um ambiente agradável de prática desportiva. Contudo existem outros Pais e acredito que mesmo sem ser intencionalmente gerem ambiente de tensão, que pode favorecer a violência no desporto. Pais estes focalizados nos resultados desportivos, na minha opinião resultados virtuais que fácilmente se dissipam na natural evolução de maturidade dos jovens.
Vejam por exemplo um facto que costuma originar constantemente grandes tensões e discussões entre adultos nas partidas dos jovens. Digam-me se vale a pena reclamar que por algum erro e do nosso ponto de vista, o nosso filho não partiu na frente da corrida e foi prejudicado porque foi atrasado por atletas mais lentos...
Agora pergunto a esses Pais o que será mais importante, educar e treinar o jovem a saber se posicionar e conseguir passar rápidamente atletas lentos logo na partida e ganhar assim posições ou não passar por esta lição e ter sempre a vida mais facilitada e partir sempre na primeira fila conseguindo assim a vitória dos primeiros lugares? Não será esta última situação uma realidade virtual que no futuro como atleta não vai encontrar de certeza?
Vejam o relato no facebook do Ricardo Marinheiro da sua participação nesta última etapa da taça do mundo, que passo a transcrever aqui uma parte e que podem na totalidade ler AQUI .
"Partir lá de trás é como entrar no ringue do "vale tudo" contra 100 tipos. Umas vezes safas-te sem riscos, outras não. A luta e busca por mais pontos UCI que melhore o ranking para uma partida um pouco mais na frente nas taças do Mundo continua..."
"O que aprendi com a experiência prática das duas situações é que é bem mais fácil e menos duro vencer uma taça do mundo partindo na frente, que tentar saltar de 100 para pelo menos lugar 40, onde não se é dobrado numa prova como Albstad,..."
"Faz parte. Já estive nesta luta mais que uma vez e saberei vencê-la com o tempo e persistência, procurando agora aumentar mais os pontos no ranking mundial para uma partida mais na frente que permite uma tática bem diferente de corrida..."
Não será preferível fazer passar os nossos pequenos campeões pelas dificuldades reais afim de aprenderem, do que lhes facilitar partidas mais fáceis com o objectivo do resultado desportivo?
Como treinador, e os pequenos atletas sabem que assim faço, treino constantemente as partidas sempre na situação mais difícil. É assim que deve ser uma escola de ciclismo, assim como também os encontros de competição sempre um universo de aprendizagem da modalidade sempre conjugada com prática e valorização da ética desportiva.
Para os Pais façam um teste e vejam de que tipo são:
-Pais que gritam muito.
-Pais que apoiam em excesso.
-Pais treinadores.
-Pais que gostam de ter sido atletas.
-Pais que não ligam nenhuma.
-Pais 5 estrelas.
Consultem o site da UVP-FPC e vejam o resultado para verem em que grupo se enquadram. Clicar AQUI.